segunda-feira, 23 de julho de 2007

Teatro da vida real..(em cena)


Neste teatro que é a vida, vamo-nos deparando com personagens muito caricatos. É a vizinha da rua de cima, que sabe a vida de toda a gente. A vizinha do lado, que vive, inteira e exclusivamente, a nossa vida. A vizinha do fundo da rua, que não fala a ninguem. A dona do supermercado (ou lugar, como preferirem) que quer saber tudo da vida de toda a gente. A dona do café, que sabe mesmo tudo da vida de toda a gente, mas diz que não é quadrilheira e não liga a cusquices. E a famosa vizinha, que tem o rótulo de maior cusca das redondezas, não assumido, claro está, que diz que não é cusca, mas que nos aborda da seguinte forma: "Sabes quem é que casou? A filha daquela, que mora ali na rua do Ti Jacinto da Mota, que trabalhava naquela fábrica que fechou, que não recebeu nada por ter sido despedida, depois de lá trabalhar ja há mais de 20 anos, coitada, que entretanto foi abandonada pelo marido, que dizem amantizou-se com a D. Anabela das flores, a florista do mercado. Sabes quem é?" Ao que se responde: "Não vizinha, não faço ideia!" "Óh... não sabes tu outra coisa! Então é aquela fulana ... (...)" e blá, blá, blá... meia-hora passa e continuas tu, de braços cruzados, a ouvir aquela engonhice toda, enquanto metalmente vais fazendo a lista de compras para o próximo mês. Enfim.. personagens estas, que nos ficam recalcadas na memória e nos ajudam a crescer como pessoas e a abominar a hipótese de um dia ficarmos iguais a elas. Por enquanto, tudo bem! Mas isto para chegar ao verdadeiro motivo deste meu post. Porque será que durante todo o resto da nossa vida temos obrigatóriamente de nos "envolver" com personagens que passamos toda a vida a fugir; isto no real sentido da palavra, pelo facto, de vestirem verdadeiras personagens, serem uma coisa á nossa frente, e nos bastidores outra completamente diferente. Não entendo o motivo que leva as pessoas a terem duas caras, a terem dois lados, o lado que nos abraça e acolhe, o lado do ombro amigo, o lado do sorriso e depois o outro lado, o lado da perna que passa a rasteira, o lado que tem a mão que nos dá a facada nas costas, o lado da palavra que destrói. Será toda a nossa vida um enorme palco de teatro? Sim, porque depois existem os espectadores, aqueles que assistem a tudo, comentam, arregalam os olhos, riem, choram, a ver esta peça desenrolar. Pelo meu pequeno teatro têm surgido personagens muito, muito estranhos, personagens que fazem tudo para serem as estrelas principais. Personagens que parecem sempre ter algo diferente de todos os outros, e que no fundo têm, conseguem sempre ser piores! Preferia viver, somente, com as benditas vizinhas, que parece não haver raça pior e no fim não nos prejudicam em nada, porque são exactamente aquilo que sabemos que são. Não sei como acabará a minha peça de teatro, nem sei definir se é uma comédia, um drama, um monologo, um conto infantil, mas posso dizer que é baseada em factos veridicos. Seja como fôr, ao fechar as cortinas, sei que toda a gente se levantará da cadeira a bater palmas, a gritar BRAVO e, apesar de tudo, terei sido a melhor pessoa do Mundo! Guardo essa esperança!

Este peça ficará em cena durante alguns anos, diariamente, com sessões das 00h ás 24h, de segunda a Domingo e com entrada gratuita! Estão desde já convidados a assitir!

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